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Domingo de Ramos

Foto do escritor: Aline S. CapellaAline S. Capella

Ando sentindo necessidade de resgatar crenças e costumes antigos... mas a minha memória insiste em apagar lembranças preciosas de minha infância, de minha juventude...

Cresci em um lar cristão: minha mãe veio de um lar católico; meu pai, de um lar evangélico. Minha mãe me conta que, ainda bebê, fui batizada na igreja católica e ungida na evangélica. A fé e a religião sempre estiveram presentes em minha casa.

Lembro-me do meu avô Jorge, com seu terno impecável e sua bíblia na mão, indo pro culto. De minha avó paterna, a vó Vitória, com seu véu cobrindo a cabeça, ajoelhada orando ao Senhor. Dos calos nos seus joelhos em sinal de adoração. E lembro-me de, ainda criança, acompanhar minha mãe e minha avó Isolina às missas e procissões. Não consigo contar ao certo os anos, e as imagens se embaralham na minha cabeça. Não sei se em Rancharia, cidade do interior de São Paulo onde nasci e passei os primeiros anos da infância, ou já em São Paulo, onde vivi quase que minha vida toda.

Mas minha memória resgata muitos momentos de fé que fizeram parte da minha infância. E um deles era a Procissão de Ramos.

Lembro-me de acompanhar várias procissões, pequena, em Rancharia. Ou já em São Paulo, adolescente. Com minha mãe sempre ao meu lado.

Era quase um ritual: acordar, pegar no quintal ramos de palmeira, alecrim, cidreira... Recordo o perfume que os ramos tinham, especialmente do alecrim. Íamos para a missa de domingo juntas, algumas vezes acompanhadas de minha vó, e participávamos da procissão pela cidade, carregando nossos ramos para serem benzidos pelo padre e, assim, garantirmos a proteção do Senhor em nosso lar durante aquele ano...

Lembro-me do raminho benzido, mesmo depois de seco, pendurado em algum lugar da casa. Nem sei se naquela época eu sabia o significado daquele rito. Acho que não. Mas sabia que era importante aquele momento de fé e salvação.

Tudo muito simbólico para uma criança compreender. Lembro-me de que ainda pequena, durante o catecismo, perguntei certa vez o que era “Hosana” que nós repetíamos durante a missa. Minha professora de Catecismo me explicou. Eu não compreendi.

Hoje sei que é uma oração, uma aclamação de fé: “Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas!”: “Salve-nos, Senhor que habita os céus!”.

Mesmo que a memória falhe, o coração, este nunca se esquece. E o que aprendi e vivi nos dias de minha infância estão marcados em minha alma como tatuagem. Fazem parte do que sou, de minha essência, do meu ser. Mesmo que os anos tenham me afastado das missas de domingo ou das simbologias de outrora, toda essa religiosidade e fé surgem com força impressionante nos momentos em que mais preciso. E como tenho precisado...

Sempre fui uma pessoa de fé. Aprendi desde cedo a agradecer antes de pedir. E como sou grata... Pelas pessoas que fazem, ou fizeram parte de mim. Pela família que me formou e me colocou no caminho do bem. Pela nova família que eu formei, e que espero estar mostrando que o caminho a seguir só tem uma direção: do amor ao próximo, da fé e do respeito a toda criatura de Deus.





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